quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A retrospectiva que Clint Eastwood merecia


"Merecer não tem nada a ver com isso." Com essa frase, que antecipa um acontecimento capital, o personagem William Munny, interpretado por Clint Eastwood, explicita sua moralidade despida de certezas e critérios transcendentes, em um dos mais belos e terríveis finais que o cinema já nos legou. Trata-se do filme Os imperdoáveis (Unforgiven - E.U.A., 1992), um marco na carreira do ator e diretor Clint Eastwood, que assinala também um ponto de virada em sua obra. Complexa e inquietante, de fato, a obra de Clint Eastwood merecia uma retrospectiva.

Aproveitando a proximidade da estreia de seu último filme nos cinemas, o Instituto Moreira Salles do Rio inicia, na próxima sexta-feira, 13/01, a mostra Clint Eastwood: clássico e implacável, uma farta reunião dos filmes em que Clint Eastwood figura ora como ator, ora como diretor, ou ambos. Os filmes vão desde os faroestes spaghetti de Sergio Leone, passando pelos policiais de Don Siegel - nos quais figura o clássico personagem Dirty Harry -, até seus filmes de guerra e produções dramáticas mais recentes, como Menina de ouro (Million Dollar Baby - E.U.A., 2004).

De acordo com o crítico José Geraldo Couto, que fez uma ótima análise da obra do cineasta, é possível perceber um movimento, a partir de seus filmes, caracterizado pela forma diversa com que tratam da morte: do espetáculo da morte como catarse ou punição, vinculada à moral do heroi americano popularizado por Hollywood - ícone que o próprio Eastwood ajudou a forjar -, às reflexões éticas e à ausência de certeza e inquietação diante da vida e da finitude.

Programe-se para embarcar no denso e fascinante percurso de um dos mais importantes diretores da atualidade, cuja trajetória se confunde com a própria história e os rumos do cinema dos Estados Unidos. O IMS-RJ fica na rua Marquês de São Vicente 476, na Gávea. Confira a programação completa aqui, e boas sessões!

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