quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A eloquência da morte entre os vivos

 

Ciência em Foco apresenta em setembro o filme Cabra marcado Para morrer (Brasil, 1984), de Eduardo Coutinho, seguido de uma conversa com César Guimarães, Doutor em Estudos Literários pela UFMG, professor do Departamento de Comunicação Social e integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FAFICH-UFMG.

O tema do debate, A experiência histórica e o Irreparável, proposto por Guimarães, ganha ressonância na vibrante narrativa do filme, que dedica atenção especial à violência que se abateu sobre os camponeses nordestinos e sua luta política, a partir da constituição da Ligas Camponesas, em fins da década de 1950 e início dos anos 60.

Rompe-se, porém, as fronteiras entre a filmagem documental e ficcional, uma vez que imagens realizadas por Coutinho para o projeto de um filme sobre a vida e morte do líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, são interrompidas pelo Golpe de 1964. Boa parte da equipe é presa e o material filmado é apreendido pelas forças policiais. Somente 17 anos depois, Coutinho retoma o projeto, agora usando a projeção de imagens sobreviventes daquela ficção elaborada em 1964, e as atualiza historicamente com o depoimento dos próprios personagens que viveram de perto a supressão de suas liberdades de organização e manifestação política e cultural.

Como afirma o professor da UFMG, “o filme confronta o irreparável das vidas (que sobrevivem em imagens e sons) às forças políticas que procuraram destruí-las a todo custo”. Ganhador de inúmeros prêmios, Cabra marcado para morrer é, sem dúvida, a obra-prima de um dos maiores documentaristas brasileiros.

Com entrada franca, esta apresentação no Ciência em Foco dialoga com a Mostra Eduardo Coutinho, na exposição “De Olho na Rua”, que permanece na Casa da Ciência até o dia 28 de setembro de 2014. (Mais detalhes sobre a exposição aqui.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário